A jornada de qualificação do setor industrial exige que os profissionais desenvolvam conhecimentos em tecnologias emergentes, já que essas ferramentas são fundamentais para a transformação digital. Competências em metodologias ágeis e design thinking são importantes para promover inovação e eficiência.
Quem afirma é Marc Tawil, estrategista de comunicação, mentor, palestrante e educador, em um bate-papo com a ST-One sobre as transformações no setor industrial e o impacto das tecnologias emergentes. Tawil destaca que a inteligência artificial (IA) e a automação serão os principais moldadores do futuro do trabalho nos setores industriais nos próximos anos.
“Na minha visão, elas transformarão por completo os setores industriais nos próximos dez anos. A IA vai permitir que a gente analise grandes volumes de dados com muito mais eficiência, melhorando a operação e a tomada de decisões. Na manufatura, por exemplo, a manutenção preditiva com IA pode reduzir hoje o tempo de inatividade das máquinas em até 20% e os custos de manutenção de 10% a 40%. Imagine isso em 5 anos. E em 10!”, diz.
Para ele, com a automação, a produtividade e a precisão nas linhas de produção vão aumentar bastante. “Robôs colaborativos, os chamados cobots, vão trabalhar ao nosso lado, fazendo tarefas repetitivas e perigosas, enquanto a gente foca em funções mais complexas e criativas. A previsão é que, até 2025, cerca de 60% das tarefas manuais possam ser automatizadas, aumentando a segurança e a eficiência”, afirma Tawil.
Confira abaixo mais da visão do especialista sobre a adaptação das culturas organizacionais para um futuro orientado a dados, do desenvolvimento de habilidades para o futuro industrial e muito mais.
Quais são os principais desafios que as empresas enfrentam ao tentar adaptar suas culturas organizacionais para serem mais orientadas a dados?
R: A resistência à mudança e a falta de habilidades técnicas para lidar com o novo. Mudar a mentalidade dos funcionários para valorizar dados nas tomadas de decisões não é fácil. Há, também, a necessidade de treinar a equipe para que ela saiba interpretar e utilizar os dados de maneira eficaz. Outro desafio é garantir a qualidade e a integridade dos dados para que as decisões sejam baseadas em informações confiáveis. Por fim, saber integrar sistemas de dados em toda a empresa, o que pode ser complicado e custoso.
Como a cultura orientada a dados pode beneficiar os setores industriais?
R: Uma abordagem orientada a dados torna as operações mais ágeis e competitivas. Melhora a tomada de decisões, permitindo escolhas baseadas em dados concretos e não em suposições. Isso aumenta a eficiência e reduz custos operacionais. A análise de dados prevê igualmente falhas em máquinas, permitindo manutenção preditiva e diminuindo o tempo de inatividade. A personalização dos produtos também é facilitada, atendendo melhor as demandas dos clientes.”
Quais estratégias podem ser mais eficazes para superar esses desafios?
R: Vou indicar as 7 que eu entendo que são as mais relevantes no momento:
1. Liderança pelo exemplo, com executivos adotando o uso de dados em suas decisões.
2. Educação continuada com investimento em treinamento para todos os funcionários.
3. Mudança de cultura, com a criação de workshops e campanhas internas.
4. Ferramentas mais intuitivas de análise de dados.
5. Pivotagem por meio de projetos menores que demonstram rapidamente os benefícios.
6. Interdisciplinaridade, com equipes combinando conhecimento técnico e de negócios.
7. Ciclo contínuo de feedback para ajustar estratégias.”
Com a crescente digitalização, quais habilidades e competências você considera essenciais para os profissionais que desejam se destacar no mercado de trabalho industrial?
R: Se você é profissional e deseja se destacar no mercado de trabalho industrial, é preciso desenvolver habilidades e competências além das tradicionais. Aqui vão algumas que julgo serem importantes hoje:
- Alfabetização de dados: capacidade de interpretar, analisar e utilizar dados de forma eficaz para tomar decisões informadas.
- Pensamento crítico e resolução de problemas: habilidade de abordar problemas complexos com uma mentalidade analítica e inovadora.
- Adaptabilidade e aprendizado contínuo: disposição para aprender novas tecnologias e métodos continuamente, mantendo-se atualizado com as mudanças rápidas.
- Comunicação interdisciplinar: capacidade de colaborar e comunicar de forma eficaz com equipes diversas, combinando conhecimentos técnicos e de negócios.
- Cybersegurança: entendimento das práticas de segurança digital para proteger dados sensíveis e sistemas industriais.
- Design Thinking: aplicação de metodologias centradas no usuário para desenvolver soluções inovadoras e eficientes.
- Gestão de projetos ágeis: competência em metodologias ágeis para gerenciar projetos de forma flexível e eficiente, respondendo rapidamente às mudanças e demandas do mercado.”
Como educador em edtechs, qual é a importância de integrar tecnologias como IoT (Internet das Coisas) e Big Data na educação para preparar melhor os futuros profissionais da indústria?
R: Vejo a IoT como um catalisador de experiências práticas e simulações realistas, em que desenvolvemos habilidades essenciais para o mercado de trabalho, enquanto o Big Data permite a personalização do ensino, identificando necessidades individuais dos alunos e aprimorando o processo educativo. Essas tecnologias familiarizam os estudantes com ferramentas e processos modernos, aumentando sua empregabilidade e prontidão para enfrentar desafios em um ambiente de trabalho cada vez mais interconectado e com fronteiras mais pulverizadas.”
Poderia compartilhar algumas estratégias que as empresas estão adotando para garantir que a implementação de novas tecnologias resulte em um ambiente de trabalho inclusivo e que promova a qualificação contínua dos trabalhadores?
R: As empresas estão adotando diversas estratégias interessantes, das mais tradicionais a inovações interessantes: treinamentos contínuos e programas de desenvolvimento de habilidades, sistemas de mentoria para ajudar na adaptação às novas tecnologias, promoção da diversidade nas equipes de tecnologia, ferramentas intuitivas para facilitar a adaptação dos funcionários, canais de comunicação abertos para feedback contínuo, incentivo a uma cultura organizacional que valorize o aprendizado contínuo e a adaptação, collabs com universidades e instituições de ensino para oferecer cursos e certificações que complementem o treinamento interno.
Sobre o Entrevistado
Marc Tawil é estrategista de comunicação, mentor, palestrante e educador. Ele é Nº 1 LinkedIn Top Voices, LinkedIn Creator e Instrutor Oficial do LinkedIn Learning.
É palestrante profissional nas áreas de Futuro do Trabalho, Futuro da Comunicação, IA e Autoridade Digital, Evolução das Marcas e Sociedade 5.0, e é quatro vezes TEDxSpeaker e mestre de cerimônia TEDx. Ele venceu o Prêmio Especial Aberje Vozes da Comunicação em 2023.
Além disso, Tawil é colunista de Época Negócios e da Eletromidia Out Of Home, e atua como Master Expert (curador) do MBA em Comunicação Executiva da HSM University e como LinkedIn Expert em O Novo Mercado. Ele também integra o Conselho de Reputação da Ipsos – líder global em pesquisa de mercado. Entre 2010 e 2020, ele empreendeu na comunicação por meio da Tawil Comunicação, agência Nº 1 Great Place To Work Brasil e BCorp pelo Sistema B.
– Entrevista realizada através da Assessoria de Imprensa ST-One: assessoria-imprensa@st-one.io