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Indústria e T.I.: mulheres conquistando espaços

A presença de mulheres no mercado de trabalho não representa apenas mais uma mão de obra, mas também mentes pensantes que trazem inclusão e oportunidades. Em março de 2019, a NASA anunciou a primeira missão espacial com participação exclusiva de astronautas mulheres. Christina Koch e Anne McClain deveriam ter passado seis horas em uma base espacial instalando baterias de íons de lítio, mas isso não aconteceu. Apesar da intenção de dar oportunidade às mulheres que fazem o dia a dia da NASA acontecer, um detalhe básico impediu a realização da missão: a vestimenta necessária não era adequada para corpos femininos. A notícia foi divulgada pelo jornal “El País” no texto “NASA cancela primeiro passeio espacial de duas mulheres por falta de trajes” (2019).

Segundo o site da CNN Brasil, na matéria “Mulheres conquistam espaço no setor de tecnologia, mas desigualdade ainda impera” (2020), apenas 12,2% dos postos de trabalho na área de tecnologia são ocupados por mulheres. A luta pela redução da desigualdade de gênero não é recente, mas deve ser constantemente lembrada e assegurada. As mulheres têm sido responsáveis por invenções e tecnologias que revolucionaram a sociedade, e seu papel ativo continua indispensável na atualidade.

Participação histórica e importância feminina na T.I.

Women in tech
Copyright: ST-One

Ada Lovelace foi a primeira pessoa a ter um papel notável na tecnologia, sendo considerada a primeira programadora do mundo. Ela atuou no desenvolvimento da máquina analítica e descreveu o que agora é reconhecido como o primeiro algoritmo capaz de ser processado por um computador. Muitos estudos tecnológicos posteriores só foram possíveis graças às suas descobertas.

Além de serem notáveis inventoras, como Hedy Lamarr (que definiu a base para o desenvolvimento da tecnologia Wi-Fi) e Margaret Heafield Hamilton (que desenvolveu o programa de voo usado no projeto Apollo 11), as mulheres trazem uma maior diversidade de perspectivas. Isso ocorre porque as mulheres possuem vivências particulares, que levam a diferentes linhas de pensamento e, consequentemente, a novas ideias e soluções. Esse cenário se torna ainda mais relevante quando consideramos que problemas tecnológicos refletem diferentes aspectos e demandas dos diversos grupos sociais.

“Há uma pressão social acerca do comportamento da mulher, por isso quebrar os estereótipos é tão importante. Dentro do ambiente de trabalho é necessário utilizar as diferentes habilidades que cada um tem, ressaltando o que se tem de melhor e no que pode contribuir.”

– Lucia Cleia, Coordenadora de T.I. e negócios da Klabin.

 

Mulheres na ciência em números

O estudo “Um raio-x dos profissionais de dados do Brasil“, publicado pela Data Hackers em 2024, destaca uma realidade muitas vezes ignorada: o Brasil ainda está longe de tratar as mulheres da mesma forma que trata os homens.

Cinquenta e oito por cento das respondentes do gênero feminino relatam que suas experiências são afetadas já na fase de busca de emprego. Os motivos mais citados na pesquisa incluem a quantidade de vagas que chegam até elas, a velocidade e as oportunidades de progressão na carreira, e principalmente a atenção recebida pelos colegas de trabalho no dia a dia em relação às suas opiniões e ideias.

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Copyright: Research State of Data Brasil 2023

O ensaio vai ainda mais à fundo e entende a diferença entre as experiências de trabalho na área por outros fatores de diversidade, como etnia:

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Copyright: Research State of Data Brasil 2023

Sobre a oportunidade de carreira, o estudo mostra uma foto dos cargos desempenhados pelos gêneros, considerando o panorama de dados no país:

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Copyright: Research State of Data Brasil 2023

Já quando o assunto é remuneração, é evidente que o padrão de desigualdade se mantém (aqui também é considerado o efeito da interseccionalidade de gênero e cor/raça/etnia):

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Copyright: Research State of Data Brasil 2023

Essa realidade, contudo, não é uma foto estática. É consequência de uma longa jornada que a humanidade escolhe traçar, a cada vez que reforça um estereótipo, inventado por ela mesma.

Estigmas que retrocedem a sociedade

A baixa adesão das mulheres à tecnologia pode ser explicada por diversos motivos. Um estudo realizado em universidades do México, intitulado “STEAM as a tool to encourage engineering studies” (2019), mostra que as razões para a sub-representação das mulheres estão presentes desde o ensino superior. Entre elas estão:

  • Ambientes hostis e pressão cultural para se ajustarem aos papéis tradicionais de gênero;
  • Dúvidas, tanto de terceiros quanto próprias, sobre a capacidade pessoal de executar tarefas;
  • Ausência de modelos femininos a serem seguidos nas ciências e engenharias;
  • Dominação da visão masculina no desenvolvimento de projetos.

“O mercado de T.I. é dominado em sua maioria pelo gênero masculino, neste cenário as mulheres precisam provar seu valor, muitas vezes necessitando mostrar seu conhecimento, sua competência para quebrar a resistência de homens que não estão acostumados a serem liderados por mulheres.”

– Lucia Cleia, Coordenadora de T.I. e negócios da Klabin

Esses estigmas têm origem cultural. Ao longo da história da sexualidade, construiu-se a noção de que os homens são mais “técnicos” e “lógicos”, enquanto as mulheres são mais “emocionais” e “cuidadoras”. Segundo o artigo “Masculinidade na história: a construção cultural na diferença entre os sexos” (2000), as atividades dos homens eram direcionadas para o mundo social, político e econômico, enquanto as das mulheres eram restritas ao ambiente doméstico.

Com a chegada dos “tempos modernos”, as mulheres conquistaram espaço no mercado de trabalho, mas não puderam abrir mão das responsabilidades domésticas. Isso resultou em uma jornada de trabalho dupla, ou até tripla, pois além de trabalhar e cuidar da casa, elas precisaram se manter competitivas e buscar constante qualificação. Esse impacto se refletiu em todas as áreas, incluindo a de TI, que ainda hoje é predominantemente masculina.

“O que me impediu de estudar e atuar na área de T.I. mais cedo foi o estigma de que eu não era suficiente por ser mulher. A sociedade conduz as mulheres a acreditar que os homens são mais habilidosos, mais lógicos.”

– Michele, time de Tech da ST-One

 

“Onde estão essas pessoas que fazem parte da sociedade, mas ainda não estão aqui?”

Women in tech
Copyright: ST-One

Segundo o artigo “Fatores que atraem e afastam as meninas de cursos da área de T.I.” (2019), os motivos que atraem as mulheres para a área da tecnologia incluem: o interesse pelos conceitos da ciência da computação, sua aplicação prática (como resolver problemas e causar impacto positivo com os conhecimentos adquiridos), além de questões sociais e culturais (necessidade de desafiar os estereótipos aplicados a mulheres e à ciência da computação).

Apesar do crescente interesse pela área, ainda há muito a ser feito para aumentar a presença feminina em cargos de T.I. As empresas desempenham um papel indispensável nesse processo de conquista por mais espaço. Algumas ações que podem ser implementadas incluem:

  • Utilizar uma linguagem inclusiva ao abrir vagas, deixando claro que a empresa está aberta à diversidade;
  • Dar destaque às mulheres atuantes na área de tecnologia;
  • Incentivar a formação de profissionais mulheres para o mercado de tecnologia, por meio de programas de educação, conteúdo e networking;
  • Estabelecer planos de carreira com maior protagonismo feminino, visando cargos de liderança;
  • Assegurar a participação de mulheres em posições-chave no processo de tomada de decisão.

“Eu percebi a necessidade de olhar para o time, independentemente de onde eu trabalhasse, e perceber como estava em questão de diversidade. Quando o assunto é vagas para a área Tech, me veem à mente ‘Onde estão essas pessoas que fazem parte da sociedade, mas ainda não estão aqui?’. Então, nos processos em que faço parte, já abro com foco em tentar reparar essas desigualdades provocadas pela estrutura da nossa cultura”

– Larissa, time de gente da ST-One
(clique aqui para descobrir as vagas ST-One).

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