Ciência de dados e as estratégias de ESG na indústria
A sigla ESG (Environmental, Social and Governance) foi usada pela primeira vez em 2005, no relatório “Who Cares Wins” (em português, quem se importa ganha). O material foi elaborado pelo Pacto Global da ONU (Organização das Nações Unidas), e vem ganhando espaço na mídia e nos negócios nos últimos anos.
O conceito de ESG na indústria se refere às boas práticas de gestão baseada em critérios ambientais, sociais e parâmetros de boa governança. Essa noção busca indicar caminhos de equilíbrio entre esses três pilares, podendo ser aplicados em várias áreas, de diversas maneiras. Segundo a Fundação Vanzolini, para fazer isso a indústria deve integrar esse pensamento no core business e na cultura da organização.
Pensando no ambiental (Environmental), as ações se baseiam na promoção da sustentabilidade. Isso reside no modo como a indústria faz uso dos recursos naturais e como suas operações impactam no meio ambiente. Para tal, é possível:
- Definir a destinação de resíduos, priorizando a reciclagem;
- Utilizar materiais ecologicamente corretos em produtos e processos industriais;
- Desenvolver sistemas de logística reversa;
- Fazer uma extração consciente de matéria prima;
- Participar de programas que contribuem para a preservação do meio-ambiente;
O social (Social) avalia as relações da indústria com seus funcionários, fornecedores e comunidade onde opera. Aqui, é necessário pensar em práticas que atendem à necessidade das pessoas. Alguns exemplos disso são:
- Investir em qualificação e treinamento dos colaboradores;
- Promover a diversidade e a inclusão nos times;
- Trabalhar em parceria com ONG’s;
- Auxiliar em programas que contribuem para a formação da sociedade;
Por último, a governança (Governance) analisa a administração da empresa, não se restringindo somente à área financeira. Assim, pode-se:
- Elaborar políticas de combate ao desrespeito;
- Construção de processos transparentes e coletivos;
- Implementação de gestão eficiente, que diminui o desperdício e melhora a produtividade e a rotina da indústria;
O Brasil é destaque na implementação de práticas de ESG
Como visto, o acolhimento de práticas de ESG em indústrias é essencial para construir um futuro sustentável, o que incentiva a adoção delas no Brasil. Segundo o estudo “Panorama ESG 2024” (2024), 71% das indústrias brasileiras implementaram ou iniciaram algumas dessas ações de ESG. Dentre elas, 26% se declaram como “inovadoras” ou maduras diante desses temas, enquanto as demais (cerca de 45%) estão no estágio inicial de implementação.
Ainda segundo esse mesmo material, os principais motivos para adoção de práticas de ESG nesse ambiente são os compromissos ambiental e social. Além disso, a intenção de melhorar a imagem corporativa também tem um peso importante nessa decisão. Essas informações só comprovam que ações sustentáveis são uma tendência e terão sucesso a longo prazo.
Segundo um levantamento da Deloitte (2021), o Brasil está à frente em quesitos como uso de materiais sustentáveis e treinamento sobre impacto da mudança climática. Apesar do destaque, isso não significa que os outros países não estão preocupados com as questões ambientais.
Na América Latina, no geral, houve um aumento na adoção de práticas de ESG nos últimos anos. Segundo a McKinsey & Company, essa região é exposta de forma mais severa a ondas de calor, umidade, secas e a degradação do ecossistema. A maior vulnerabilidade em relação as mudanças climáticas intensificam os esforços para essa mudança de cenário.
Ainda de acordo com eles, as ações relacionadas à Igualdade, Diversidade e Inclusão (D&I) foram apontadas como principal foco das estratégias de ESG na América Latina. A lista de boas práticas segue com a redução da pegada de carbono, preparação da força de trabalho e economia circular. Assim, para auxiliar na consolidação desse panorama mais sustentável, os órgãos dos governos criaram ferramentas e programas que auxiliam nesse processo, como visto a seguir.
ISO 50001: um dos caminhos para a gestão eficiente de energia
A ISO 50001 é uma ferramenta de gestão voltada para o controle de energia e serve como instrumento balizador para padronização da gestão enérgica. Ela pode ser implementada em indústrias de diferentes níveis de maturidade, que utilizam variadas fontes, desde elétrica até a gás. Suas diretrizes foram incorporadas ao Plano Nacional de Eficiência Enérgica (PNEf), como mecanismo de economia de consumo, e ao Plano Nacional de Energia 2030.
No Brasil, ela é representada pela ABNT e sua aplicação em indústrias segue um processo estruturado, que inclui:
- Análise do contexto, para entender as necessidades e as expectativas das partes interessadas, determinar o escopo e a estrutura do SGE (Sistema de Gestão de Energia);
- Estabelecer um compromisso com a liderança, definir a política enérgica, as responsabilidades e autoridades;
- Estabelecer metas enérgicas e planejamento para atingi-las;
- Gerenciar o uso e consumo de energia através de sistemas, comunicação e informação documentada;
Para atingir a meta definida, a ferramenta foca na busca de melhoria contínua, e utiliza duas ferramentas básicas para a sua implementação: o ciclo PDCA da área de qualidade e nível de consumo enérgico da área de termodinâmica. A figura abaixo ilustra como funciona esse processo:
Qualquer organização, independente do seu domínio de gestão de energia, pode implementá-la para estabelecer uma linha de base e a melhorar em um ritmo adequado. Isso é feito independente do contexto, o que significa que não há metas. Ela não estabelece requisitos absolutos de desempenho energético além daqueles estabelecidos na política energética da indústria e de sua obrigação de conformidade a requisitos legais. Assim, duas organizações realizando operações semelhantes, mas com desempenhos energéticos distintos, podem ambas estar em conformidade com seus requisitos (ABNT NBR ISO 50001, 2011).
ESG: Iniciativa sustentável que traz resultado
Segundo o Bureau Veritas(2020), empresa francesa especializada em testes de inspeção, a certificação de ISO 50001 acarreta um desempenho enérgico de até 30% melhor. Além disso, a mesma instituição também estima que a norma impacte positivamente em 60% do consumo total de energia mundial. Os benefícios dessa norma incentivaram o Governo Brasileiro a criar vários programas e iniciativas que visam a eficiência enérgica e a sustentabilidade.
O Programa de Eficiência Enérgica (PEE) visa promover o uso eficiente de energia elétrica através da adoção de tecnologias e diferentes práticas no dia a dia. Também, focado na indústria, tem-se Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE) – que classifica produtos quanto a eficiência enérgica – e o Programa de Conservação de Eletricidade (Procel).
Ações como essas incentivam a indústria produzir e os consumidores a escolher produtos mais eficientes, que consomem menos energia. Segundo a Sebrae(2023), as ações do Procel, de etiquetar produtos que utilizam eletricidade, produziram uma economia de 23 TWh (4,87% de consumo de energia elétrica em 2018).
Além dos ganhos financeiros e ambientais, o uso eficiente desse recurso também impacta em outras áreas. A ONG American Council for an Energy-Efficient Economy (2022), mostra que uma redução de 15% no consumo anual de energia resultaria em 2.190 vidas salvas. Esses dados reforçam que os programas trazem muitos resultados, impactando positivamente todo o ambiente.
Ciência de dados como elemento-chave para o desenvolvimento sustentável
A implementação dessas normas e programas diminui a emissão de gases de efeito estufa, o custo enérgico, entre outros impactos ambientais associados à gestão enérgica. A ISO 50001 também ajuda na questão da transparência organizacional e facilita a comunicação na gestão de recursos enérgicos. Ela funciona como base para avaliação e priorização da aplicação de novas tecnologias eficazes, que permitem a integração com outros sistemas.
Para saber se a produção está rodando dentro das metas e objetivos traçados, a indústria deve instalar sistemas de monitoramento e medição dos indicadores. Essa instalação é considerada como um pré-requisito da norma.
Para tal, uma das opções é a implementação de Soluções que permitem a coleta e a análise de dados. A partir desses dados, é possível compreender melhor os padrões e auxiliar a tomada de decisão com relação ao uso e consumo de energia. Esse tipo de digitalização também oportuniza a revisão da eficácia do ciclo atual, através do histórico disponibilizado, que possibilita a indústria de obter melhoria contínua.
Como dito anteriormente, essas tecnologias permitem integração com outros sistemas, podendo ser utilizadas também no monitoramento de outros tipos de matéria prima, como a água. O monitoramento inteligente desse recurso em uma indústria de bebidas resultou em seu uso mais eficiente, causando menos desperdício.
Assim como a ISO 50001, a cultura de dados também pode ser implementada em indústrias com diferentes níveis de maturidade. Essa norma é só um dos exemplos de como ações de ESG podem ser executadas, como explicado no início do texto. Através da digitalização é possível descobrir e explorar diversas melhorias que contribuem para o desenvolvimento sustentável e elevam a indústria para outro patamar de produtividade. Conheça mais sobre a ST-One.